desdito
Em sua segunda edição, o museu do louvre pau-brazyl apresentou a individual da artista Lais Myrrha com a performance e exposição Desdito, 2017, em colaboração com Vão, Pio Figueiroa e fanfarras de rua convidadas.
O foco esteve no pintor Pedro Américo, único artista que nomeia cinco blocos do edifício mas não tem nenhum rastro no espaço – seu nome e reproduções das suas obras não figuram nos halls de entrada como acontece com os seus pares icônicos da História da Arte Europeia que nomeiam os blocos da frente do prédio.
A partir dessa divisão estrutural da parte nobre afrancesada e o fundo generalizado na figura de um pintor brasileiro, Lais Myrrha subverte o quadro Independência ou Morte! (1888) de Américo – imagem forjada como a certidão de nascimento visual da Independência do Brasil – transformando a tela em ação de carne e osso ao colocar os músicos da fanfarra vestidos na paleta de cores da pintura e divididos entre as figuras de Dom Pedro I, sua comitiva e a cavalaria.
Essa nova formação do quadro percorreu os espaços de Pedro Américo no Louvre enquanto executavam o Hino da Independência que ao longo do cortejo se transmutou no Hino Ainda Pendência, composição e arranjo do músico Henrique Mendonça que se rebela contra a composição original feita pelo próprio Imperador Pedro I.
A performance Desdito na área Pedro Américo do edifício Louvre no dia 18 de novembro de 2017.
A performance começa e termina nas escadarias, onde os performers emulam o quadro, como um tableau vivant. A topografia de ascensão nos remete ao morro do Ipiranga e o Tabelião de Notas abaixo faz as vezes de capitania hereditária. Esses dois momentos são registrados pelo fotógrafo Pio Figueiroa.
Após a performance, as duas fotos produzidas durante a ação foram expostas no prédio por um mês; mas elas não funcionam como um mero registro. Através delas, perverte-se a história do edifício, que até então só ilustrava a História da Arte Europeia. Além disso, essas novas imagens condensam uma série de elementos e temporalidades: a história da viagem do príncipe regente voltando do litoral sobre uma mula quando rompe com Portugal, a sua ilustração fabulada pelo pintor, a decoração projetada por Artacho – a escadaria em curva, os adornos dourados desbotados, o tapete verde de plástico –, o 3o Tabelião de Notas de São Paulo sob as escadas, os performers e o público no Brasil de novembro de 2017. As fotos são um resumo de toda uma conjuntura, cujo único futuro possível é seu espelhamento.
Legenda
mapa por vão arquitetura
percurso da performance Desdito no térreo e subsolo do edifício Louvre
1. escada e hall
2. calçada
3. entrada da garagem
4. saída da garagem
5. calçada
6. escada rolante e hall
7. escada e hall
performance
cartaz
exposição
bloco Pedro Américo
ensaios
PDF do livro
ficha técnica
Curadoria
Guilherme Giufrida
Jéssica Varrichio
Produção
casa planta
Amanda Dafoe
Julia de Francesco
Identidade visual
alles blau
(Elisa Von Randow e Julia Masagão)
Assistência de design
Beatriz Dórea
Matheus Sakita
Tradução
Emma Young
Relações públicas
Matheus dos Reis
Performance
Fanfarra
Produção executiva
Chico Toledo
Direção de produção
Sara Peper
Composição e arranjo musical
Henrique Mendonça
Figurantes
adriana perez
andré felipe
guilherme petrella
gustavo colombini
joão turchi
joão rocha rodrigues
julia de brito machado
julia reis
maria eugenia coroero
Músicos
alan alber
allan “brown” martino
chico toledo
danilo custô
denizard basilio
diego kazuo
domingo duclôs
éverson bô
fe lelot
fernando lima
gabriel nogueira
henrique mendonça
jorge zeta
julia paccola
juliana pereira
july neves
louisse aldrigues
mateus levy
pedro levy
priscila ribeiro
rocio romero
sara peper
wolfgang santos
zé renato
Registro
câmera e edição
alexandre wahrhaftig
técnico de som
fernando russo
still
p. ardid
Exposição
Fotografia
Pio Figueiroa
Montagem
Jeff Lemos
Pesquisa
Andrej Slivnik
Guilherme Giufrida
Jéssica Varrichio
Kleber Amancio
Lilia K. Moritz Schwarcz
Lúcia Klück Stumpf
Rômulo Fróes
agradecimentos
ana maria freitas
antônio freitas
edifício louvre
felipe martinez
guita debert
luiz campligia
marcos de deus da silva
museu paulista
paribar
renata motta
tapera taperá