yuri firmeza

Yuri Firmeza, Ação 3 (2006)

 

A violência dos processos de expansão acelerada do mercado imobiliário é comum nas cidades brasileiras. Prédios históricos são demolidos todos os dias para dar lugar a novas urbanidades, com raro debate público sobre seus efeitos. A sensação de passividade dos sujeitos diante dessas imagens é combatida hoje, principalmente, pelo ativismo de coletivos, como o Ocupe Estelita (no Recife), os movimentos de resistência ao projeto da Nova Luz (em São Paulo) ou às remoções para a Olimpíada do Rio, entre outros. O trabalho de Yuri Firmeza encontra outros caminhos para a resistência aos movimentos especulativos do mercado sobre as memórias urbanas. Em Ação 3 entrou nu em prédios abandonados e parcialmente demolidos. Construiu o contorno de seu corpo dentro da parede, entrando em simbiose (ou transe) com o prédio. Imóvel, e em posição fetal, Yuri medita, a partir do seu corpo inteiro dentro da construção, sobre o que a ruína de prédios demolidos e abandonados pode significar. A arquitetura dos edifícios deve proteger, em tese, as pessoas na cidade. O trabalho de Yuri Firmeza evidencia o quanto a medida dos espaços está, todavia, distante da medida do desejo. As fronteiras entre arte e arquitetura, fonte de profundas especulações, devem passar também pela bússola do corpo, exposto às formas e às forças do mundo.

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