
O edifício Louvre foi concebido inicialmente para ser totalmente permeável à avenida São Luís. Com o passar dos anos, por conta da decadência que o centro sofreu nos anos 1980 o prédio ganhou grades, delimitando dentro e fora, uma portaria central e os banheiros, que antes eram públicos, passaram a ser trancados (tanto as cabines individuais como a porta de entrada). Essa última medida está relacionada com o uso de banheiros públicos masculinos para a prática de cruising. O circuito de paquera gay tem como núcleo a Praça Dom José Gaspar, o tal jardim nas publicidades do edifício “de fronte aos jardins da biblioteca”, a partir dos anos 1960. Da praça para os banheiros públicos do edifício Louvre, da galeria Metrópole e da loja de departamento Mappin. Na década de 80 e 90 os homossexuais foram estigmatizados por conta do HIV e esse preconceito aparece no Regulamento do edifício Louvre no artigo 22: “O Síndico e qualquer membro da Administração podem proibir a entrada ao edifício de pessoas mal trajadas, suspeitas, imorais, portadoras de doenças infecto-contagiosas ou de quem julgar conveniente, a bem da reputação, moral e bons costumes.” Esse documento data de 1987 e atualmente ainda está emoldurado e pendurado no térreo e mezanino do prédio. Tiago Guiness fez uma instalação sonora para o banheiro masculino, que na abertura da exposição transformou-se em banheiro unissex, que emitia relatos sobre a sexualidade.