
O Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona é a mais longeva companhia do Brasil responsável por inovações cênicas em diálogo com a arquitetura de sua sede, projetada por Lina Bo Bardi e Edson Elito. É um importante agente da renovação estética brasileira, herdeiro de Oswald de Andrade e seus manifestos – as peças encenadas usam a deglutição como ferramenta -, e contemporâneo da Tropicália. Artacho Jurado fazia das inaugurações de seus prédios verdadeiros acontecimentos. O corte da fita é uma cerimônia presente desde suas primeiras obras para as Feiras Nacionais inspiradas nas Exposições Universais europeias. Em fotografias do acervo de sua filha Diva Jurado, vemos ela criança segurando uma tesoura em uma bandeja de prata para entregar para o interventor estadual Adhemar de Barros inaugurar a I Feira Nacional de Indústrias de São Paulo (1940). Mais tarde no edifício Bretagne (1958) vemos Aurélio Jurado Artacho cortando a fita com um padre ao seu lado. Essa cerimônia contou também com a Miss Estados Unidos, estrelas de cinema e da TV Tupi (a construtora Monções dos irmãos Jurado patrocinava o “Grande Teatro Monções”, teleteatro da TV Tupi). Inspirados por esses ritos de inauguração, no dia 9 do mês 9, às 9 p.m. – noite de estreia do museu – houve o corte das fitas do Bonfim em uma performance com atuadores do Teat(r)o Oficina. Eles deram de presente ao louvre pau-brazyl um hino que parte do Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924) e de seu poema-programa “Falação” (1925) com trechos do manifesto de Oswald de Andrade. Em um paralelo com livro Poesia Pau Brasil (1925) que começa com o poema “Escapulário” que faz uma prece à poesia, o museu do louvre pau-brazyl começa com a entoação de seu hino e do batismo dos corredores palacianos.
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a língua sem arcaísmo
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