

A fundação deste museu pirata e ficcional passa por uma série de marcadores tipicamente institucionais – a ficha técnica, a sinalização visual e o evento de abertura. Dentro desse contexto, Sandra Gamarra subverte a partir de duas obras, Abertura e Saída, esses símbolos legitimadores. A artista, em Abertura, destaca e delimita, através do polimento do mármore e da pintura do teto, o presente e o passado do prédio, e a própria possibilidade de transformar um espaço que já tem sua história, fluxos e limites no cubo branco e na galeria reformada. O espaço expositivo, por sua vez, apesar de instaurado, guarda os limites da precariedade do espaço. Um lugar que quer ser, mas não é um museu, dentro de um prédio que é, por sua vez, ao mesmo tempo luxuoso e decadente, vintage e kitsch. A artista nos provoca a, ao invés de insistir no museu em um espaço residencial a todo custo, pensá-lo como um espaço sempre à margem e de fronteira. Saída consiste em um guichê de retirada do ticket de saída – uma mesa, quatro carnês e uma pintura-aviso na parede “para sair, por gentileza, retire o seu ticket”. Essa obra sublinha a instabilidade das fronteiras, ao ganhar um ticket de saída, o frequentador do museu do louvre pau-brazyl vai ser convidado a trazer o olhar do mundo para o museu, e principalmente, torcer o olhar sobre o mundo a partir do exercício da exposição.