
Por trás das adornadas galerias do Louvre, há uma garagem de três pavimentos e um subsolo onde moradores e funcionários guardam objetos que ficam muito tempo ali sem ninguém lembrar que existiram. É um ponto intermediário entre o lixo e a casa: o que não cabe mais nos apartamentos, mas alguém (em geral os funcionários) tem pena de jogá-los fora. Não foram nem completamente descartados, mas não pertencem mais a um lar. Rochelle Costi utiliza um móvel abandonado em um dos três pavimentos como matéria-prima de seu trabalho Edifício móvel. Seguindo a sua pesquisa com as proporções, escalas e desmedidas, a artista encontra no mobiliário traços do edifício Louvre. Para transformá-lo em maquete da obra de Artacho Jurado, ela reveste o raque com as características pastilhas rosa e azul. O armário de cima se transforma em um cinema em miniatura que exibe situações privadas da vida em um condomínio; os vídeos editados a partir de personagens emblemáticos do prédio, alguns mais conhecidos dos moradores, outros menos, fantasiam sobre a intimidade bem-humorada da comunidade formada dentro do Louvre: em uma das cenas vemos dona Clarice Berto, a ilustre moradora do Louvre saindo com seu carro Gurgel com cílios nos faróis da frente.