
O trabalho do coletivo [-mos] explora a relação entre o trabalho e a arte, acentuada pelo local onde se instala a performance. O espaço, localizado em frente ao 3º Tabelião de Notas, no térreo do edifício Louvre, indica claramente a comparação entre a organização rígida que orienta a ação das performers e a burocracia minuciosa e determinada do trabalho executado dentro do cartório. O espaço das artistas é separado do resto por uma fita no chão, como as fitas que demarcam a distância que o público deve manter das obras nos museus. Dentro desse espaço, as artistas permanecem em ação por uma hora e são logo substituídas, em um processo que dura oito horas no total. As substituições entre elas são regidas por um relógio de ponto da mesma forma que um funcionário de escritório. Os intervalos são constantes e o trabalho deve ser ininterrupto. Olhando ao redor percebemos que essa é a lógica não só do trabalho burocrático. É o relógio que organiza o trabalho em todo o edifício. Nas outras lojas, na portaria, na limpeza e na segurança todos se encontram sob a regência desses relógios, são eles que determinam quando começa e acaba nosso trabalho e nosso ócio, nosso tempo usufruído e nosso tempo vendido.
Performers: Karime Nivoloni, Mariana Molinos, Maryah Monteiro e Valeska Figueiredo