
O comércio da região da Praça da República reflete os contrastes da cidade. Há estabelecimentos de rua, regulares e irregulares; e misturam-se pequenos comerciantes em meio a grandes redes lojistas. Vemos desde ambulantes até lojas de marcas caras, além de financeiras, imobiliárias, agências de turismo e galerias de arte. O trabalho apresentado pelo Coletivo Filé de Peixe acontece em meio a esse cenário amplo e diversificado. No mesmo formato que os ambulantes fabricam e vendem cópias piratas dos grandes sucessos de cinema, o projeto Piratão se aproveita da acessibilidade dos processos de reprodução de imagens e vídeos proporcionados pela popularização da tecnologia, para revendê-los a baixo preço em suas performances. A diferença é o conteúdo: não são filmes exibidos em salas de cinema, são vídeos apresentados em salas de exposição. A mercadoria ordinária do comércio de rua do coletivo é a mesma obra disponível para colecionadores pelo mercado de arte. O projeto Piratão é uma ação que questiona os valores e processos específicos da circulação dos trabalhos de artistas. Considera seu aspecto de mercadoria de forma radical quando os desloca das práticas e locais usualmente empregados no mercado, levantando questões sobre o papel das instituições nas dimensões comerciais e financeiras da arte.
Coletivo Filé de Peixe: Alex Topini, Fabricio Cavalcanti e Fernanda Antoun