Entre lojas de passagem aérea, casas de câmbio, escritórios de advocacia e contabilidade, cabeleireiros, farmácia e uma sorte de pequenos comércios e outros serviços, encimados por apartamentos grandes e pequenos, terraços e piscina, nasce um Museu do Louvre em São Paulo. O original, localizado no centro de Paris, é um dos mais importantes museus do mundo, com uma coleção a qual pertencem obras como a Mona Lisa ou a Vitória de Samotrácia. Mas o Louvre, o enorme conjunto construído à margem do Sena, é também um testemunho da história da cidade. Fundado como uma fortaleza em 1190, transformou-se em palácio real, ganhando salas e pátios, ampliando seu perímetro na medida em que a própria cidade se expandia. O colossal complexo que hoje abriga a famosa coleção é mais que a soma dessas partes. É um artefato que por nunca ter parado de se transformar – basta lembrar da pirâmide de cristal construída na década de 1990 –, incide na compreensão do que é a própria metrópole parisiense.
Igualmente, se quisermos, ocorre com a nova sede do Louvre na avenida São Luís. Pois aqui, também, o edifício Louvre marcou e marca a paisagem, indicando caminhos percorridos pela capital paulista e apontando possibilidades que se abrem para a metrópole no século XXI. Passeando pelo boulevard sob jacarandás e outras árvores, caminhando pelas suas calçadas largas, observando as luminárias do canteiro central e vislumbrando a imponência dos seus edifícios, tem-se a exata noção da qualidade da urbanização da avenida que recebeu, ao longo de toda a sua extensão, projetos de importantes arquitetos brasileiros. Essa configuração condensa a metrópole e o desejo de metrópole que se constituíram em São Paulo na metade do século XX.
A avenida, como se pode imaginar, não surgiu do nada. Inicialmente uma pequena rua quase particular, aberta ainda no século XIX dentro da chácara da família Souza Queiróz – que junto com os Silva Prado, os Álvares Penteado e mais um par de sobrenomes duplos formavam a elite paulista naqueles anos –, foi se transformando para abrigar palacetes e conjuntos de casas, até adentrar o século seguinte indicando os anseios dessa metrópole em gestação.
Naquele momento, a cidade ainda se concentrava no que hoje se chama colina histórica, a região em volta da praça da Sé. O outro do lado do Vale do Anhangabaú, no sentido oeste – onde a avenida se localiza– era uma região de chácaras (como todas as terras ao redor da colina), cortada por caminhos que ligavam a vila urbanizada ao seu interior, configurando-se também como uma área de passagem. A Consolação era o caminho dos Pinheiros, a estrada que ligava São Paulo à feira de Sorocaba e às províncias do sul. Mais ao norte, a São João, o caminho para o rio Tietê, um dos eixos de penetração para as fazendas do oeste paulista, coberto pelo café, que vai transformar de vez a capital.
Foi a inauguração do Viaduto do Chá em 1892 que garantiu o prolongamento da cidade para a porção oeste, onde bairros novos surgiriam. Os primeiros palacetes construídos pelos setores mais abastados, rodeados por uma crescente classe média abrigada em chalés e sobrados, compunham a nova paisagem urbana, completada ainda pelos casebres e casas simples dos mais pobres. Esses loteamentos eram fruto da ação de particulares, que colocavam no mercado novas terras, vislumbrando o lucro fácil da intensificação da demanda. No trecho onde hoje está a avenida, entretanto, as terras do Brigadeiro Luís Antônio de Souza 1Um dos homens mais ricos da província, patriarca da família Souza Queiróz. são partilhadas com uma distinção: não se tratava da venda de terrenos para desconhecidos, mas de abrigar a própria família. O primogênito e herdeiro da gleba do Brigadeiro, o senador e barão Francisco de Souza Queiroz, abre uma pequena rua no centro do terreno, o Beco Comprido, 2A primeira referência a uma Rua de São Luiz se dá na “Planta da Cia. Cantareira de Águas e Esgotos”, datada de 1881. A origem do nome se explicaria pelas veleidades francófonas da elite paulistana, mas também como homenagem ao patriarca da família. Na “Planta da Cidade de 1810”, baseada no levantamento do eng. Rufino José Felizardo e Costa, as terras são identificadas como “Terras do cel. Luiz Antonio”, promovido a brigadeiro em 1818. Cf. LEFÈBVRE, José Eduardo de Assis. De beco a avenida: a história da Rua São Luiz. São Paulo: Edusp, 2006. Todas os dados sobre a avenida foram extraídos desse trabalho, salvo quando mencionado o contrário. de modo a poder fatiá-lo em lotes para que seus filhos recebessem um pedaço de terra generoso com uma frente “urbana”.
Com o crescimento contínuo da cidade, que passa de 30 mil habitantes em 1870 para 240 mil em 1900, alcançando 579 mil em 1920, surge a necessidade de se rever a ocupação pouco planejada da área central, que já penava com congestionamentos cada vez maiores. Em 1924, a Diretoria de Obras do Município apresenta o Perímetro de Irradiação, uma via projetada para circundar e unir o centro velho (colina) e o novo (a região da Praça da República). Incorporado ao Plano de Avenidas de 1930 – o primeiro plano de conjunto da cidade, efetivado nas décadas seguintes –, o anel viário tinha como um dos pontos focais a avenida Ipiranga e o edifício Caetano de Campos, 3Estava prevista a demolição do edifício, para em seu lugar ser construído o Palácio do Governo. Apenas o pequeno prédio do Jardim da infância foi efetivamente demolido. Ver TOLEDO, Benedito Lima, 2005. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Ed. Apcd, 2005.articulado às vias de irradiação que reforçavam a tendência de crescimento radio-concêntrico da cidade. Nesse desenho, a rua São Luís, que então abrigava outros moradores que não apenas os Souza Queiróz, teve seu leito ampliado, tornando-se um boulevard luxuoso na parte mais valorizada da cidade, no qual, ao lado de 17 palacetes, estavam o Circolo Italiano, o colégio Paulista, a Rádio Cosmos (depois América) e a vila Normanda, um conjunto de apartamentos de estilo pitoresco para a classe média, que abrigou em seu térreo o famoso restaurante La Pipotte.

Obras de alargamento de ruas implicam em demolições. Um dos efeitos disso – já previsto no Plano, com a intenção de transformar a face da cidade em uma nova e moderna metrópole – foi a verticalização dos eixos viários. E a São Luís não passou impune. A partir dos anos 1940 e nas próximas duas décadas diversos edifícios em altura surgiram – entre eles o próprio Louvre, de Artacho Jurado –, mas também o edifício São Luís, de Jacques Pilon; o edifício Moreira Salles, de Gregori Warchavchik; o Ouro Preto, de Franz Heep e a Galeria Metrópole de Salvador Candia. 4Pode-se acrescentar a essa lista Copan, Eiffel e Califórnia, de Niemeyer, na Ipiranga, na Praça da República e na rua Dom José de Barros, o edifício Esther de Álvaro Vital Brasil também na Ipiranga, para completar o time de estrelas que construiu na região da República naqueles anos.Carlos e Ana, personagens do filme São Paulo S.A. de Luís Sérgio Person, almoçam no terraço da recém construída Galeria Metrópole com a praça ao fundo, explicitando as novas possibilidades que a metrópole oferecia aos que estivessem dispostos a participar.
O edifício Louvre é paradigmático do processo que o mercado imobiliário impunha à região central da cidade – quando as construções do início do século eram demolidas uma a uma para dar lugar a novos edifícios em altura –, e seu construtor, um índice das possibilidades que a cidade oferecia, na medida em que mesmo sem diploma de arquiteto, Artacho Jurado projeta e constrói dezenas de edifícios em São Paulo. Desde 1942, com a Lei do Inquilinato, a demanda pela casa própria crescera exponencialmente, pois a retração do mercado de aluguel impusera um novo modelo: ou o condomínio em altura no centro ou os terrenos baratos na periferia, e na década de 1950, a população já ultrapassava um milhão de habitantes. Artacho vê nesse crescimento intenso uma oportunidade para se afirmar no mercado, funda sua construtora, a Monções, e atua não apenas na incorporação e construção, mas também no financiamento das vendas. Mobilizando uma gramática modernista, seus edifícios, construídos em áreas nobres da cidade, traduziam nos diversos tipos de apartamentos a diversidade da própria população paulistana. Além disso, esses edifícios abrigavam uma série de serviços públicos, semi-públicos e privados, oferecendo um atrativo a mais para seus potenciais compradores.
Vendidos em 1952 para a Monções Construtora e Imobiliária S.A., os terrenos da avenida São Luís pertencentes às irmãs Cintra e à Dona Germaine Bouchard, 5Membros da elite local, proprietárias de outros terrenos e construções. seriam unidos para abrigar o novo edifício Louvre, projetado por Artacho e assinado pelo engenheiro Giunio Patella. O imenso lote, com 70 metros de frente para a avenida, levou a uma ocupação imponente, com vista privilegiada para a Praça Dom José Gaspar. No térreo e na sobreloja, há uma galeria comercial com 45 lojas. Os 375 apartamentos projetados para os 25 andares, ao final seriam reduzidos para 315, pois parte dos primeiros 5 andares no bloco dos fundos acabou se transformando em garagens – evidenciando a transformação da cidade entre 1952 e 1967, quando a obra é terminada. 6No total, 53 mil metros quadrados de área útil, com 14 unidades no andar tipo. A obra teve problemas e se prolongou até 1967. Os apartamentos maiores voltados para a avenida (Da Vinci, Rembrandt, Renoir e Velázquez dão nome à cada bloco), e os menores, que estão no edifício dos fundos (chamado Pedro Américo), garantem a mescla que dá à região o interesse que ainda persiste. Na cobertura, uma piscina e um solarium completam o conjunto e oferecem uma vista fenomenal de toda a cidade. Sem criar espaços segregados, os prédios de apartamentos de Artacho Jurado garantiram uma qualidade ímpar ao tecido urbano, que apenas hoje vem sendo devidamente reconhecida. 7Sobre a produção de Artacho Jurado, ver DEBES, Ruy. Artacho Jurado: arquitetura proibida. São Paulo: Ed. Senac, 2008. Segundo Debes, o edifício Louvre fecha a era dos edifícios altos de Jurado na cidade, pois os problemas financeiros da empresa levariam à paralisação de suas atividades. Por ser um arquiteto autodidata, sua produção teve que esperar o século XXI para entrar no rol das grandes obras arquitetônicas da cidade.
O processo de verticalização vivenciado pela São Luís iniciara-se com a Biblioteca Municipal de Jacques Pilon, construída em 1942, que garantiu a frequência de um público ampliado àquele endereço, uma certa intelectualidade em constituição. Afinal, a Escola Normal – no edifício Caetano de Campos – abrigou também a Faculdade de Filosofia da recém fundada Universidade de São Paulo. A restrita intelligentsia paulista, que circulava por ali, frequentava a livraria Jaraguá, na Marconi; a confeitaria Vienense, na Barão de Itapetininga, onde também estava a livraria Francesa; e não deixava de passar pelos bares Barba Azul, Mirim ou Arpège, completando a ronda etílica pelo bar do Hotel Eldorado. As livrarias Triângulo e Italiana, no térreo do Louvre, atraiam esses e outros leitores que passavam pela Biblioteca, em busca das novidades que aportavam mensalmente. Com isso, São Paulo ia se transformando em uma metrópole cultural, disputando com a capital, o Rio, a primazia nesse setor. 8Para uma memória afetiva da região, cf. PRADO JR., Bento. A Biblioteca e os bares na década de 50. Revista da Biblioteca Mário de Andrade, n. 50, São Paulo, 1992. Ver ainda ALMEIDA PRADO, Décio de. “O Clima de uma época”. In: AGUIAR, Flavio (org.). Antonio Candido: pensamento e militância. São Paulo: Humanitas, 1999, pp. 25-43 e MESQUITA, Alfredo. “No tempo da Jaraguá”. In: LAFER, Celso (org.). Esboço de figura: homenagem a Antonio Candido. São Paulo: Duas Cidades, 1979, pp. 39-61. A Cinelândia, instalada na São João sob a inspiração da Avenida Central carioca, compunha o sistema das artes sediado na região, que contava ainda, desde 1948, com o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Museu de Arte de São Paulo (MASP), ambos na sede dos Diários Associados na 7 de Abril. 9Abrigados em edifícios em altura, os serviços culturais eram ladeados por lojas sofisticadas e agências de viagem – num momento em que andar de avião era para poucos – o que ampliava a sensação de sofisticação daqueles passeios.
Mesmo com a transferência da Faculdade de Filosofia para a rua Maria Antônia e com a saída dos museus da 7 de abril, a região jamais perdeu o interesse cultural e a qualidade urbana. Caetano Veloso, que morou na esquina da Ipiranga com a São Luís nos anos 1960, dizia: “era gostoso viver no coração de uma cidade grande, entre grandes edifícios. Sobretudo porque o nosso apartamento tinha uma varanda aberta, com uma balaustrada robusta, onde eu podia me sentar para ver o céu, o tráfego lá embaixo, sentir o vento e encher Dedé de medo de que eu caísse”. 10Cf. VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Cia. das Letras, 1999, pp. 234. Também Gilberto Gil morava por ali: “Gil morava numa extremidade da praça da República, que pode ser considerada uma continuação da avenida São Luís, onde fica o prédio em que Dedé e eu vivíamos”. As descrições de Caetano mostram a passagem do glamour dos anos 1950 para o cosmopolitismo dos anos 1960. Entre a década de 1940 até meados dos anos 1970, a avenida São Luís foi um endereço cobiçado e seus edifícios, objeto de desejo para aqueles que queriam viver no coração da metrópole.
Com o processo de descentralização que passa a ocorrer a partir da década de 1970, a transformação das ruas paralelas (Barão de Itapetininga, 7 de Abril, 24 de Maio) em calçadões, a migração dos interesses imobiliários para outras centralidades, notadamente a Avenida Paulista e depois a Berrini; aliados à própria explosão da mancha urbana que impedia a existência de um único centro, ocorre uma imensa fragmentação dos serviços e comércios, o que sem dúvida impactou a região central, fazendo com que se espalhasse também um sentimento de abandono. A escalada da pobreza e da violência levaria a cidade a se encolher aos espaços internos. Ao mesmo tempo, mudanças na sociabilidade, no lazer e nos negócios, levaram ao fechamento de cinemas de rua e livrarias, e lojas e sobrelojas a perderem seus inquilinos. A avenida São Luís tangenciou esse processo, com o fechamento do Cine Metrópole, do Cine Odeon, do Cine Copan, e o abandono de algumas de suas lojas; mas, é preciso que se diga, com quase nenhuma vacância em seus apartamentos. A qualidade arquitetônica e urbanística, e talvez a importância real e simbólica da avenida no imaginário da cidade, atuaram para a manutenção do interesse.
Hoje, São Paulo vive um momento promissor: as novas gerações que passaram a viver no centro – não apenas jovens solteiros e velhinhos solitários, mas também famílias com filhos pequenos de uma nova classe média que busca reconstruir as relações com os espaços urbanos – têm garantido à região da República uma vivacidade que se completa com a imensa população transitória que passa por ali todos os dias. Estudantes nas faculdades abertas no centro, de vários extratos, misturam-se com imigrantes africanos a colorir as ruas. O IAB voltou a ter um café e uma livraria, a sobreloja do Copan abriga o projeto Pivô, executivos almoçam no velho Almanara ou no jovem Dona Onça; a antiga Casa Califórnia já não é mais a mesma, mas os PFs continuam a ser servidos nos botecos da região, com destaque para o balcão do Ita, na rua do Boticário. O velho Paribar agora renovado é um endereço descolado, abrigando festas de fim de semana que disputam civilizadamente o espaço da praça com o samba de fim de tarde do bar da esquina. Obviamente, a pobreza não deixou de existir nem de fazer parte dessa paisagem. Toda a desigualdade brasileira se evidencia e se faz explícita nessa área. Os cinemas nunca mais voltaram a funcionar. A Biblioteca, reformada, não consegue manter um café, embora consiga funcionar 24 horas por dia. A vontade de ocupar a cidade, respeitar as diferenças, passear nas praças, sentar ao ar livre para beber um chope ou ler um livro, andar de bicicleta – viver na cidade – garante a manutenção da vida na São Luís. O museu do louvre no louvre pau-brazyl pode completar tudo isso ao expor, em sua própria estrutura, a tensão entre uma paisagem urbana em conflito, transitória e mutável, e o desejo de ocupação e reinvenção do espaço urbano.
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Este texto foi originalmente publicado no livro a autobiografia da monalisa (museu do louvre pau-brazyl, 2016) e revisado em junho de 2021.
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- 1Um dos homens mais ricos da província, patriarca da família Souza Queiróz.
- 2A primeira referência a uma Rua de São Luiz se dá na “Planta da Cia. Cantareira de Águas e Esgotos”, datada de 1881. A origem do nome se explicaria pelas veleidades francófonas da elite paulistana, mas também como homenagem ao patriarca da família. Na “Planta da Cidade de 1810”, baseada no levantamento do eng. Rufino José Felizardo e Costa, as terras são identificadas como “Terras do cel. Luiz Antonio”, promovido a brigadeiro em 1818. Cf. LEFÈBVRE, José Eduardo de Assis. De beco a avenida: a história da Rua São Luiz. São Paulo: Edusp, 2006. Todas os dados sobre a avenida foram extraídos desse trabalho, salvo quando mencionado o contrário.
- 3Estava prevista a demolição do edifício, para em seu lugar ser construído o Palácio do Governo. Apenas o pequeno prédio do Jardim da infância foi efetivamente demolido. Ver TOLEDO, Benedito Lima, 2005. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Ed. Apcd, 2005.
- 4Pode-se acrescentar a essa lista Copan, Eiffel e Califórnia, de Niemeyer, na Ipiranga, na Praça da República e na rua Dom José de Barros, o edifício Esther de Álvaro Vital Brasil também na Ipiranga, para completar o time de estrelas que construiu na região da República naqueles anos.
- 5Membros da elite local, proprietárias de outros terrenos e construções.
- 6No total, 53 mil metros quadrados de área útil, com 14 unidades no andar tipo. A obra teve problemas e se prolongou até 1967.
- 7Sobre a produção de Artacho Jurado, ver DEBES, Ruy. Artacho Jurado: arquitetura proibida. São Paulo: Ed. Senac, 2008. Segundo Debes, o edifício Louvre fecha a era dos edifícios altos de Jurado na cidade, pois os problemas financeiros da empresa levariam à paralisação de suas atividades. Por ser um arquiteto autodidata, sua produção teve que esperar o século XXI para entrar no rol das grandes obras arquitetônicas da cidade.
- 8Para uma memória afetiva da região, cf. PRADO JR., Bento. A Biblioteca e os bares na década de 50. Revista da Biblioteca Mário de Andrade, n. 50, São Paulo, 1992. Ver ainda ALMEIDA PRADO, Décio de. “O Clima de uma época”. In: AGUIAR, Flavio (org.). Antonio Candido: pensamento e militância. São Paulo: Humanitas, 1999, pp. 25-43 e MESQUITA, Alfredo. “No tempo da Jaraguá”. In: LAFER, Celso (org.). Esboço de figura: homenagem a Antonio Candido. São Paulo: Duas Cidades, 1979, pp. 39-61.
- 9Abrigados em edifícios em altura, os serviços culturais eram ladeados por lojas sofisticadas e agências de viagem – num momento em que andar de avião era para poucos – o que ampliava a sensação de sofisticação daqueles passeios.
- 10Cf. VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Cia. das Letras, 1999, pp. 234. Também Gilberto Gil morava por ali: “Gil morava numa extremidade da praça da República, que pode ser considerada uma continuação da avenida São Luís, onde fica o prédio em que Dedé e eu vivíamos”. As descrições de Caetano mostram a passagem do glamour dos anos 1950 para o cosmopolitismo dos anos 1960.