cao guimarães

Cao Guimarães, El pintor tira el cine a la basura (2008)

A instauração e produção de um espaço expositivo e das próprias obras depende da atividade de uma série de pessoas e procedimentos. Um ambiente supostamente estático, e tratado com ares de genialidade e de autoria, é constantemente desfeito e refeito por várias agências: o pintor de parede, a luz, o projetor, a fita crepe, a fronteira entre a parede branca e a preta. Além de explicitar a engrenagem por trás da exibição de uma obra e sua desmontagem, Cao Guimarães mostra nesse trabalho a relação de interdependência e contaminação recíproca entre a arte e o vídeo. Ele faz uma justaposição da linguagem eletrônica e da materialidade da tinta; do trabalho do videoartista e do pintor de parede. A obra é um pequeno tratado-piada sobre a ontologia da imagem, pois faz conviver o movimento da pintura e a imagem-movimento do cinema. Brinca também com a função “pintor” e o uso da tinta, remetendo tanto ao pintor-artista criador e ao pintor-funcionário que prepara uma parede. Trazidos para o ambiente do museu, o trabalho provoca uma confusão mental: o pintor passa a tinta em cima da videoarte para jogá-la fora depois. Será a vingança da pintura sobre o vídeo?

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