
A história de vida de Burle Marx remete a como as vanguardas brasileiras se constituíram em nome de uma identidade nacional, apesar de muitas vezes terem inspiração no diálogo com a Europa. Se, por um lado, o artista-paisagista organiza a natureza tropical em projetos geometrizados; por outro, adorna os edifícios sobre os quais cria – em sua maioria de tonalidade sóbria – de cores e formas; envolvendo a arquitetura com elementos de brasilidade. Desde o início da carreira, Burle Marx foi incorporado pelos arquitetos e pela crítica e é exposto crescentemente em mostras nacionais e internacionais. Há conexões parciais entre Burle Marx e o projetista João Artacho Jurado, que, assim como o paisagista, inventou uma concepção de cor, dentro dos paradigmas construtivos de seu momento histórico e incorporou elementos decorativos, considerados como algo inferior pela Academia e pela Arquitetura. No entanto, ao contrário de Burle Marx, Artacho teve parco diálogo com os modernos do seu tempo e até hoje não recebe muita atenção e estudo. A sua arquitetura é muitas vezes taxada de americanizada e lida como “estilo internacional” enquanto Burle Marx é “um brasileiro moderno”.