
15 de abril de 2019
Há alguns anos Ludovica Carbotta trabalha a partir de Monowe, uma ficção de uma cidade de uma só pessoa. Nessa versão do projeto, a artista propõe uma dramaturgia a partir de uma conversa do seu único habitante consigo mesmo, materializada através de uma caixa de som. O ator-performer carrega sua própria voz em um dispositivo tecnológico, mas não a reconhece. O público é levado, através das imagens que atravessam o texto, a esse mundo distópico e ao mesmo tempo concreto e real. A narrativa de Monowe reverbera diversas situações contemporâneas que deslocam radicalmente a experiência urbana como concebida originalmente, como as cidades vazias chinesas erguidas para realizar especulações financeiras; a profusão de aplicativos que possibilitam viver sem conviver com ninguém; ou, ainda, a maneira como as pessoas falam sozinhas nos espaços públicos quando enviam e escutam áudios de WhatsApp. Para essa remontagem, performou-se dentro do terreno-coliseu, ativando sua função de palco vazio rodeado de prédios monumentais. O texto questiona inclusive como seria o museu nesta cidade, o que estabelece novas conexões do trabalho a partir de sua presença no louvre.
Performer: Jesuíta Barbosa
Contribuições de roteiro: Carlo Fossati, Gian Antonio Gilli, Orizzontale, Matteo Alis Respino, Sara Filippi
Tradução: Fernanda Morse
Registro em vídeo: Fábio Audi
Agradecimentos: João Turchi, Julia Pedreira