laura belém

Laura Belém, TERRA (à) VISTA (2019)

os 9 dias em cena

A artista, que tem vasto repertório em instalações e esculturas para o espaço público, escolheu como superfície para este trabalho o portão de entrada (ou impedimento) do terreno pertencente à Universidade de São Paulo. Um lambe com os dizeres TERRA (à) VISTA passou a fazer companhia para as pichações e um outro pôster com o semblante de Jesus Cristo que já existiam no local. A obra ficou instalada durante os 9 dias de exposição e toca tanto no imaginário colonial das navegações, no momento em que as expedições avistavam algum novo território depois de muito tempo em alto mar, assim como na especulação imobiliária, direcionada em especial para o terreno em questão que está à venda no site da USP. Todas as letras dos cartazes eram pretas sobre um fundo verde, exceto o “à” que era preenchido por uma foto em que se vê o terreno pelo buraco da fechadura – em possível referência também a obra Étant donnés (1946-1966) de Marcel Duchamp (1887-1968). A universidade mantém suas propriedades bem vigiadas por meio de uma frota de seguranças que fazem as rondas para garantir que os terrenos continuem como estão, em uma vistoria dessas durante a exposição, a obra amanheceu sem o “à”– e sem a foto que revelava o interior do terreno. A obra de Belém também formava uma espécie de díptico com Black Semiotics do Tetine, em exposição no 3º ato, no muro dos fundos do terreno. Esses trabalhos juntos revelam tanto a extensão do terreno quanto o tamanho do palco que fica escondido entre os edifícios Louvre, Copan e São Luiz Plaza. No dia 23 de abril, assim que acabou o 3º ato, iniciou-se a construção de um muro de alvenaria cercado de arame farpado, com o acompanhamento técnico de uma arquiteta responsável e uma equipe grande o suficiente para garantir que ele estivesse pronto em uma semana. A obra de Belém foi desmontada pela própria obra da USP e a placa de VENDE intacta foi reinstalada na mesma posição anterior.

Projeto gráfico: Felipe Sabatini

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