francis wilker e lígia sousa

Francis Wilker e Lígia Sousa, Herdeiras de Antígona (2019)

14 de abril de 2019

Herdeiras de Antígona atualiza a tragédia grega Antígona (442 a.C.). A performance aconteceu na escadaria de incêndio do bloco F do edifício Copan, onde 20 mulheres ocuparam um andar cada – dos 32 da escada espiralada. Às 18h toca o sino da igreja da Consolação, que nesse dia adquiriu função de sinal de teatro, e ouve-se o coro gritando “Antígona”. Esse é o som que instaura o teatro de arena. O roteiro passa por uma revoada de pássaros, por uma dança silenciosa com luzes, pela formação de duas frases utilizando cordões luminosos: SOMOS MUITAS e A LUTA NÃO DORME; e duas outras figuras femininas são invocadas pelo coro: Dandara e Marielle. Essas vozes femininas se levantam e questionam sistemas de poder estabelecidos, a leis da pólis versus as leis dos deuses, o sistema escravocrata e o fascismo emergente. Logo no começo desse trabalho que toca no alto índice de feminicídio no Brasil e na hierarquia do patriarcado, uma voz masculina responde: “Cala a boca!”. Nunca se escuta um cala boca no coliseu quando há comemorações da final do campeonato brasileiro de futebol. Outras pessoas se juntaram a esse espectador e participaram da ação, seja engrossando o coro com as performers, seja gritando o nome dos antagonistas “Bolsonaro”, “Sergio Moro” e “Creonte”. A disputa histórica segue viva.

Performers: Adriana Guerra, Andréia Martinez, Camila Freire, Cynthia Margareth, Débora Lima, Fernanda Lellis, Flaviana Benjamin, Goretti Albuquerque, Jéssica Varrichio, Julia Pedreira, Júlia Teixeira, Juliana Birchal, Lanna Carvalho, Lígia Sousa De Oliveira, Mariela Lamberti, Mônica Pellegrini, Natiflora, Sofia Boito, Thaís Beiral e Thaline Furtado.

Assistentes De Cena: Douglas Teixeira, Gabriel Dantas e Júnior Cecon.

Agradecimentos: Guilherme Bonfanti, Glauber Coradesqui e Orlando Luiz De Araújo.

/